Com o encontro da semana
passada entre o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (PSL), e o
vice-governador e secretário estadual de Planejamento, João Leão (PP), é
possível que a disputa pelo comando da Casa se resuma efetivamente a um duelo
entre o deputado estadual e o senador Otto Alencar (PSD), que tem trabalhado
ostensivamente pela candidatura do aliado Angelo Coronel (PSD). Isso, se o
plano de Nilo de atrair Leão e seu candidato, Luiz Augusto (PP), e isolar Otto
e seu afilhado, efetivamente se concretizar. Com efeito, o nome mais forte para
enfrentar o presidente da Assembleia hoje é o de Coronel. O apadrinhamento de
sua candidatura pelo senador do PSD, junto com os claros movimentos que Otto
tem feito no sentido de fortalecer seu nome, a exemplo de puxar para a
Assembleia aliados como a suplente Mirela Macedo com o nítido objetivo de
ampliar a base de votos nele, tornam Coronel o nome mais competitivo para
enfrentar Nilo. Apesar do excelente relacionamento com os deputados, o
presidente da Assembleia tem em seu desfavor o desgaste natural entre os
colegas de comandar o Poder por cinco mandatos consecutivos, os quais pretende
transformar em seis, se conseguir se reeleger.
Ainda que o PP de Leão e
Luiz Augusto não tenha na Assembleia uma bancada suficiente para virar o jogo
em favor de nenhum dos três candidatos, a possibilidade de Nilo atrair o
partido para o seu campo não deixa de fortalecê-lo, já que polariza a disputa entre
ele e Coronel ou, como avalia a maioria, entre ele e Otto. Reside aí uma jogada
esperta do presidente da Assembleia porque, como se sabe, a decisão sobre a
eleição do próximo presidente da Assembleia está nas mãos da oposição, com os
20 votos da bancada que o grupo possui na Casa.
Ciente do papel dos
oposicionistas na disputa, o líder in pectore do grupo, o prefeito ACM Neto
(DEM), já se reuniu com os deputados na Assembleia para fazer um apelo pelo
voto conjunto num só candidato. Com toda a razão, Neto preferiria um presidente
menos alinhado do que o atual com o governador Rui Costa (PT), a quem deve
enfrentar em 2018, no caso de, como tudo indica, renunciar ao segundo mandato
de prefeito para concorrer ao governo do Estado. Se, mesmo pertencendo à base
governista, Coronel é quem poderia se posicionar de forma mais independente em
relação ao governador, restaria um outro dilema.
O que assegura que, uma vez
eleito, o candidato do PSD pode efetivamente favorecer os planos da oposição de
tornar a Assembleia mais autônoma em relação ao Executivo? Ou, dito de forma
mais clara, em que medida interessa a Neto fortalecer Otto por meio da eleição
de Coronel? Como já disse o próprio o prefeito, nada assegura que, uma vez
reeleito, Nilo não possa se constituir num foco de atrito importante por
ocasião da montagem da chapa à reeleição de Rui, já que todo mundo sabe que
pleitea pelo menos uma de suas duas vagas ao Senado, motivo porque se empenha
para estar no comando da Assembleia no momento decisivo.
Exclusiva do Política Livre
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