Sobrevivente do trágico
acidente envolvendo o avião da Chapecoense na última terça-feira, o comissário
boliviano Erwin Tumiri negou que tenha seguido os protocolos de segurança no
momento da queda da aeronave. Anteriormente, as informações davam conta que o
procedimento teria ajudado a salvar a vida do comissário. No entanto, Erwin
Tumiri disse não ter dado entrevista ao jornal boliviano La Razón e afirmou que
em nenhum momento o risco de acidente foi comunicado aos passageiros do voo.
"Avisaram que iríamos
pousar, um pouso normal. (Sobre o protocolo de segurança) Não disse nada disso
para a imprensa. É a primeira vez que estou falando com a imprensa. Ninguém
percebeu que ia cair. Todos estavam prontos para pousar, normal. Em nenhum
momento fiz isso (ficar na posição fetal). Era a preparação para um pouso
normal", disse Tumiri em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo. O
boliviano também contou detalhes do acidente, e afirmou que não sabia que a
aeronave da Lamia iria direto de Santa Cruz de La Sierra para Medellín, sem
fazer escalas.
"Nós, como técnicos,
fazemos o pré voo. Temos uma lista de checagem do que é preciso fazer. Eu fiz o
relatório de que iríamos até Cobija. No momento da decolagem, eu voltei a
perguntar: 'Vamos até Cobija?' 'Vamos até Medellín', ele (piloto Miguel
Quiroga) me disse", contou Tumiri.
"No momento do acidente
era como um pesadelo, porque nem eu mesmo acreditava. Acordei e pensei: ‘O que
aconteceu aqui?". O que fiz foi pegar minha lanterna, iluminar e gritar
por socorro. Comecei a piscar a lanterna para que me vissem. Ximena (outra
sobrevivente) estava a cinco metros de mim, eu estava com o rosto no chão e
levantei assustado. Levantei de repente e corri em direção a ela. Ela estava
presa e gritando. Quando me viu foi se acalmando e eu disse: "Vamos
embora". Era mato, escuro e eu pensei em ir em direção ao aeroporto. Vi
muitos corpos espalhados, mas não tinha o que fazer. Eu também não via sinais
de vida e, além disso, me preocupava se o avião fosse explodir. Por isso fui me
afastando com Ximena", afirmou o boliviano. Tumiri, que deseja continuar
na aviação, ainda revelou que teve uma conversa com o técnico Caio Júnior
durante a viagem. E o boliviano disse que no futuro pretende visitar a cidade
de Chapecó.
"Falei com o técnico
(Caio Júnior) e ele estava me ensinando a falar português. Quando disseram
‘afivelem os cintos, vamos pousar', todos voltaram para as suas poltronas. As
luzes se apagaram e começou a vibrar. Pensei que era do pouso, mas não foi.
Apenas ouvi e não me lembro de mais nada. Depois me levantei do chão",
recordou.
"Quero ir para Chapecó
e conhecer a cidade um dia desses, porque às vezes eu sinto como se estivesse
sido salvo por eles. É como se eles tivessem dado a vida deles pela
minha", encerrou.
Giro pelo Mundo
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