Seis meses após o
afastamento de Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, ministros da
ex-presidente começam a voltar ao trabalho sem perspectiva de retorno à
política a curto prazo. Proibidos de exercer suas atividades profissionais até
hoje por causa da chamada “quarentena”, que terminou no dia 12, muitos dos
auxiliares de Dilma ainda não definiram o seu destino, mas miram as eleições de
2018. Os que são filiados ao PT, porém, têm uma certeza: não querem compor a
direção do partido.É o caso do ex-chefe da Casa Civil Jaques Wagner, que mora
em Salvador. Se dependesse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Wagner
comandaria o PT. Mas ele já avisou a Lula que não entrará nessa briga. Wagner
foi convidado pelo governador da Bahia, Rui Costa, para assumir a Fundação Luís
Eduardo Magalhães destinada a formular políticas públicas.Antes, o poderoso
ministro de Dilma havia sido chamado para a Secretaria de Relações
Institucionais da Bahia, mas recusou a oferta. Ex-governador do Estado de 2007
a 2014, disse preferir um cargo com menos visibilidade, a exemplo de Dilma, que
vai para o Conselho da Fundação Perseu Abramo. Embora rejeite ficar à frente do
PT, Wagner visitou, nos últimos meses, vários diretórios da sigla. “Não preciso
presidir o partido para contribuir”, disse ele, cotado para disputar o Senado.A
mesma frase é repetida pelo ex-ministro da Secretaria de Governo Ricardo
Berzoini, que jura não querer voltar de jeito nenhum a dirigir o PT. Integrante
da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), liderada por Lula, Berzoini
chegou a participar de reuniões do grupo Muda PT, que reúne tendências de
esquerda. Atuou como uma espécie de bombeiro na crise petista, que só aumentou
após o impeachment de Dilma, na esteira da Lava Jato, e o fiasco nas eleições.
“Mas eu sempre avisei: ESe for para discutir nomes para a presidência do PT,
estou fora. O momento é de tornar o PT coeso, não de ficar se engalfinhando”,
insistiu Berzoini.Funcionário concursado do Banco do Brasil há 38 anos, o
ex-ministro se reapresentou ao trabalho e contou ter sido “realocado” em um
setor da instituição, em Brasília. Tem, no entanto, férias a cumprir. Além
disso, já pode se aposentar, se quiser. “Até o fim deste ano vou decidir o que
fazer. Estou tranquilo”, afirmou. “Você já leu A Insustentável Leveza do Ser?
Eu estou assim, lendo algumas coisas de novo e pensando no que quero ser, sem
ansiedade”, disse, em referência ao livro de Milan Kundera.Quase a metade da
equipe de Dilma cumpriu “quarentena” por decisão da Comissão de Ética da
Presidência da República. A concessão do benefício é prevista na lei para
evitar conflito de interesse de quem sai de um cargo público para exercer
funções na iniciativa privada.
Estadão Conteúdo
Nenhum comentário:
Postar um comentário