O jornal Le Monde que chegou
às bancas na tarde desta sexta-feira (14) repercute a denúncia de um possível
envolvimento de Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo da Odebrecht em Angola.
De acordo com a correspondente do vespertino francês no Brasil, o caso pode
representar o fim da carreira política do ex-presidente brasileiro. O artigo
começa lembrando que o ex-chefe de Estado é acusado de organização criminosa,
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. Le Monde também
ressalta que esse é o terceiro processo contra o ex-sindicalista, "que já
é réu na Lava Jato".
O vespertino explica ainda
que a denúncia de tráfico de influência para beneficiar a Odebrecht na obtenção
de contratos em Angola coincide com a abertura, no mesmo dia, pelo juiz Sérgio
Moro, de uma investigação sobre o ex-presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha. Para a correspondente, é como se o magistrado quisesse desmentir
as alegações dos defensores de Lula, que denunciam um complô judicial contra o
líder petista. Com isso, analisa a jornalista, "um ex-presidente, saudado
por ter tirado da miséria dezenas de milhões de brasileiros, é questionado ao
mesmo tempo que um dos políticos mais detestados do país".
Lula é acusado de ter
cometido atos de corrupção entre 2008 e 2010, quando ainda era presidente, e de
tráfico influência entre 2011 e 2015, como ex-presidente. Outras dez pessoas
foram denunciadas pelos mesmos delitos, entre eles Marcelo Odebrecht,
ex-presidente da empreiteira que leva seu nome - que também está envolvida no
caso de corrupção na Petrobras - e Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho de
Lula, titular de uma empresa que o tio teria usado para lavar dinheiro.
O advogado de Lula,
Cristiano Zanin Martins, fala de acusações "absurdas" e "sem
provas", como lembra Le Monde. Mesmo assim, analisa o vespertino, "se
for condenado em segunda instância, o caso pode colocar um ponto final na
carreira do ex-chefe de Estado, tornado-o inelegível para as presidenciais de
2018".
BNDES se torna alvo de novas
críticas. O artigo também reacende as suspeitas contra o BNDES, que já vinha
sendo criticado por sua ação geopolítica, servindo de "braço político do
Estado desde a chegada do PT ao poder". Le Monde lembra que em Angola,
"economia fervilhante, adubada pelo petróleo e governada desde 1979 por
José Eduardo dos Santos, o papel do BNDES já suscitou polêmica". A
jornalista explica que a Odebrecht, presente no país africano há trinta anos, e
"à vontade com o regime corrupto, é um dos principais empregadores
locais".
Fonte: Brasil News
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