Com a renúncia de Cunha, a
Câmara tem agora cinco sessões para realizar uma nova eleição – após a decisão
do STF, a presidência da Casa foi assumida interinamente pelo deputado Waldir
Maranhão (PP-MA), visto como fraco e sem legitimidade. O homem que parece ser
capaz de presidir a Câmara de acordo com as necessidades de Temer e Cunha é
Rogério Rosso (PSD-DF).
CCJ: A renúncia de Cunha se
deu mesmo após ele obter uma pequena vitória em sua última cartada na Câmara.
Em um recurso apresentado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa,
Cunha buscou anular a decisão do Conselho de Ética que recomendou sua cassação.
O caso deve ser votado na próxima segunda-feira 11, e o relator do processo,
deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), já apresentou parecer favorável a Cunha,
defendendo a anulação da sessão que recomendou a cassação. Antes da divulgação
do relatório, Fonseca conseguiu emplacar um aliado na direção-geral do Arquivo
Nacional. O deputado nega que o parecer apresentado tenha qualquer relação com
a nomeação de José Ricardo Marques para o órgão, mas o caso reforça a suspeita de
que o governo Temer estaria empenhado em salvar o mandato de Cunha.
Pressão: Embora tenha dito
diversas vezes que “jamais” renunciaria, Cunha sentiu a pressão aumentar também
sobre sua família. Cláudia Cruz, mulher do deputado, e Danielle Dytz
Doctorovich, filha do casal, são investigadas na 13ª Vara Federal de Curitiba
(comandada pelo juiz Sérgio Moro) no âmbito da Operação Lava Jato – Cláudia já
é ré no processo. A aliados, o peemedebista teria dito que teme que as duas
sejam presas caso ele perca o mandato.
No caso específico de Cunha,
a renúncia pode ajudá-lo também na esfera judicial. O regimento interno do STF
determina que o presidente da Câmara seja julgado pelo plenário da Casa, mas o
mesmo não vale para os deputados comuns. Cunha, agora, deve ser julgado pela
Segunda Turma do STF, integrada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava
Jato no Supremo.
Além de Zavascki, compõem a
turma Cármen Lúcia, Celso de Mello, Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Ao que
consta, aliados de conta entendem que essa formação dá alguma chance de
sobrevivência ao agora ex-presidente da Câmara.
Carta Capital
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