Esta é uma lenda popular
sobre a Lagoa de Paranaguá no Piauí, que por volta de 1830, já era conhecida.
Conta-se que de tão pequena (a lagoa), era quase uma fonte e que cresceu por
encanto. Tal magia aconteceu mais ou menos assim:
Na Salinas, ponta leste do
povoado de Paranaguá, vivia uma viúva muito pobre com três filhas. Certo dia, a
sua filha mais nova adoeceu sem que ninguém conseguisse o fato que produzira
tal moléstia. Permaneceu triste e pensativa até que descobriu que esperava um
menino de seu namorado que morrera, sem ter tido a oportunidade de levá-la ao
altar.
Chegando ao tempo de dar à
luz ao bebê, a moça embrenhou-se nos matos, porém, arrependida, resolveu
abandonar a criança. Deitou o filhinho em um tacho de cobre e Colocou-o dentro
da lagoa.
O tacho afundou, mas foi
trazido à tona pela Iara, que tremia de raiva e amaldiçoou a moça que chorava à
beira da lagoa.
Enraivecida, a Iara provocou
o crescimento das águas, que em uma enchente sem fim, alagavam, encharcavam e
aumentavam sem cessar. "Tomou toda a várzea, passando por cima das
carnaubeiras e buritis, dando onda como maré de enchente na lua", nos
conta Câmara Cascudo. Desde então, a lagoa tornou-se um lugar mágico, onde se
ouvem estranhas vozes e observam-se luzes de origem desconhecida.Todos os que
já se atreveram a morar às margens da lagoa, tiveram que fugir assustados, pois
durante à noite, ouviam o choro de um bebê, procedente do fundo das águas, como
que solicitando o peito da mãe para alimentar-se. Mas, com o passar dos anos, o
choro cessou.
Conta ainda a lenda, que às
vezes surge das águas um ser humano que pela manhã é um menino, ao meio-dia um
rapaz de barbas ruivas e, pela noite, um velho de barbas brancas. Muito tímido,
foge dos homens quando é visto, porém aproxima-se das moças bonitas para
observá-las e depois foge. Este é um dos motivos pelas quais as mulheres evitam
de lavar roupas sozinhas.
O Barba Ruiva, como ficou
conhecido, é tido como filho de Iara, a Sereia. Pacífico, a entidade não fere e
não maltrata ninguém e é tido como um duende bom. A sina à qual está preso, só
terminará quando uma mulher atirar sobre sua cabeça algumas gotas de água benta
e algumas contas de um rosário, para convertê-lo então, ao cristianismo.
contada por Cléber Carvalho
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