Álvaro Tukano mora em Brasília e assumiu simbolicamente neste
domingo (19) a direção do Memorial dos Povos Indígenas. Pertencente aos povos
Tukano, no interior do Amazonas, ele acredita que a homologação de três terras
indígenas anunciada pelo governo federal para esta segunda-feira (20), é um
dever do Estado.
“As terras indígenas, ou de toda a Amazônia, é que produzem
evaporação, que distribuem água por todo Brasil e a América do Sul. Por isso
que o papel da [presidenta] Dilma [Rousseff] é demarcar, homologar, combater a
violência. É cumprir as leis internacionais, não construir as hidrelétricas. É
essa a sabedoria que ela tem que preservar”, defendeu.
Duas terras indígenas serão homologadas no estado do
Amazonas: vão atender a reivindicações dos povos Kaixana e Mura. Os Arara e
Juruna receberão a terra indígena Arara da Volta Grande do Xingu, localizada no
município Senador José Porfírio (PA), homologação que faz parte do
licenciamento para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Para
Piracuman, o motivo é que parte dos territórios ocupados atualmente pelos
índios será alagada com a ativação da usina.
“Nós, índios, não esquecemos onde é nosso lugar tradicional.
Os índios não vão esquecer aquilo ali. Eles podem mudar para onde vai ser
homologada, mas um dia ele vai querer voltar pra lá, onde tem parentes
enterrados. A gente nunca esquece”, afirmou o cacique, que também pede que os
profissionais a serem contratados para trabalhar na Fundação Nacional do Índio
(Funai) tenham experiência para lidar com os povos indígenas e ligação com o
meio ambiente.
Daiara Tukano, empossada recentemente como professora da rede
pública do Distrito Federal, disse que os brasileiros precisam se orgulhar da
sua origem indígena. Ela é formada em artes visuais pela Universidade de
Brasília e foi admitida em concurso público da
Secretaria de Educação. De acordo com Daiara, há um problema
histórico de legitimidade dos povos indígenas.
Segundo a indígena, os povos originários do Continente
Americano sofrem hoje uma espécie de “apagamento social”.
E acrescentou: “O indígena é reconhecido apenas quando mora
na aldeia. [Só que] estamos em todos os espaços, nas universidades, trabalhando
nas cidades e também no campo. É importante que o Brasil recupere o respeito e
o orgulho [pelo índio]”, disse.
Por Agência Brasil
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