Há um ano em recuperação
judicial, a Via Uno encerrou nesta semana as atividades da última das três
fábricas que mantinha no Nordeste da Bahia, demitindo cerca de 800
trabalhadores, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Calçadista
(Sintracal) do Estado. Com o fechamento da unidade, a empresa deixará de ter
fabricação própria e, se quiser continuar no mercado, terá de encontrar um
parceiro para terceirizar sua produção. Segundo o administrador judicial da
empresa, Laurence Medeiros, a ideia é manter o negócio funcionando. Ele diz que
o fundador da empresa, César Minetto, que seguiu à frente do dia a dia do
negócio mesmo após a recuperação, já negocia contratos de fornecimento. “As
lojas continuam funcionando”, afirma Medeiros. Segundo o site da Via Uno, a
empresa tem hoje 44 unidades no Brasil - há um ano, eram 135 pontos de venda.
Na época do pedido de recuperação, as dívidas da Via Uno eram de R$ 240
milhões.
Com o fechamento das
fábricas, a conta trabalhista deve aumentar, segundo Jurandir Souza Brito,
secretário-geral do Sintracal. Isso porque, na reunião que oficializou o
fechamento, a empresa alegou que não tinha dinheiro para pagar as verbas
rescisórias. Brito diz ainda que a empresa deve pelo menos dois anos de FGTS
aos trabalhadores. “Nem a contribuição sindical, que foi descontada dos
trabalhadores, nos foi repassada”, afirma o sindicalista. Fontes ligadas à
companhia confirmaram que a empresa não pagou os direitos dos funcionários
demitidos. Uma das estratégias da atual administração seria a venda de
maquinários e de estoques para saldar essas dívidas. Além do acerto das
demissões, apurou o jornal “O Estado de S. Paulo”, a empresa também estaria
devendo pelo menos um mês de salários aos trabalhadores. Além das demissões nas
fábricas - que somaram cerca de 2 mil desligamentos nos últimos três anos -, a
empresa também fez nesta semana um corte no setor administrativo em sua sede,
no Rio Grande do Sul, com o objetivo de cortar custos. Embora a empresa tenha
intenção de manter a produção e a rede de franquias funcionando, uma fonte do
setor calçadista dizem que, dado o histórico da Via Uno, a empresa pode ter
problemas para encontrar um parceiro para suprir o estoque de suas lojas. Cerca
da metade da dívida da Via Uno é justamente com antigos fornecedores que não
receberam.
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