Segundo levantamento do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgado na última
sexta-feira (8), os preços no Brasil tiveram alta de 0,01% em julho – em
relação a junho –, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo),
que mede a inflação oficial. Só que, com esse resultado, a inflação oficial
acumulada em 12 meses ficou em 6,5%, limite máximo da meta do governo, e
superior ao objetivo governamental de manter a inflação em 4,5% ao ano. Na
prática, isto representa uma inflação bastante alta, superior, inclusive, à
média de 1,8% dos aumentos reais conquistados pelas categorias com datas-base
no primeiro semestre deste ano. Quer dizer: mal o trabalhador recebe seu
reajuste e seu salário já está corroído. A previsão dos analistas é que a
inflação alcance, já no fim de setembro, a casa dos 6,7% ao ano.
E com a inflação alta, uma
gama de fatores contribui para que a classe trabalhadora, e a sociedade
brasileira como um todo, tenham motivos de sobra para preocupar-se: o PIB
nacional, que, graças a sua insignificância, decidimos chamá-lo de “Pibinho”,
uma taxa de juros em patamares estratosféricos e proibitivos, e a
desindustrialização, que vem atentando contra a sobrevivência das empresas e,
consequentemente, a sobrevivência dos empregos por elas mantidos. O
enfraquecimento acelerado da indústria brasileira é uma realidade assustadora.
Apenas no ano passado a diferença entre as exportações e as importações
promovidas no Brasil foi de U$ 105 bilhões, o maior rombo de todos os tempos na
economia brasileira.
Em resumo: enquanto não
houver um planejamento efetivo e estratégico voltado ao desenvolvimento pleno
do País, com investimentos e incentivos que visem à melhoria da competitividade
e do nosso parque industrial, enquanto a rotatividade da mão de obra não for
controlada, a taxa de juros for mantida nas alturas e o governo mantiver sua
postura de não abrir diálogo com os representantes dos trabalhadores, o buraco
tende a ficar maior – assim como a inflação galopante.
Por Miguel Torres,
presidente da Força Sindical
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