Deve ser ótimo para um candidato ao governo
assistir a uma disputa pela vaga de vice em sua chapa. No mínimo, indica que os
contendores e sua legião de correligionários acreditam piamente em seu
potencial eleitoral. Caso contrário, não estariam se digladiando em público por
um espaço no qual sabem que dependerão quase exclusivamente do desempenho do
cabeça de chapa para conseguirem obter o mandato. Ademais, ser vice significa,
na essência, estar no poder sem poder exercê-lo, a menos em caso de falta do titular,
o que só o vice pode desejar, já que ninguém votou nele.
O caso se aplica ao candidato do PT a
governador, Rui Costa. Desde que foi ungido pelo governador Jaques Wagner
candidato à sua sucessão e teve seu nome ratificado pelo partido que comanda o
Estado há quase oito anos, Rui assiste quase impassível, a uma disputa que se
intensifica a cada dia entre o presidente da Assembléia Legislativa, o deputado
estadual Marcelo Nilo (PDT), e o PP, pilotado no Estado pelos deputados
federais Mário Negromonte e João Leão, pela vaga de vice em sua chapa. Os três
se apresentam para o PT como os melhores candidatos a vice que a Bahia já teve.
Com a diferença de que Mário e Leão integram um mesmo núcleo e aceita negociar
entre si a escolha de apenas um deles para destronar a pretensão de Nilo de
compor a chapa com Rui, o que reforça a hipótese de o nome mais forte no PP
para a empreitada ser o do primeiro. Ocorre que o aprofundamento da briga entre
Nilo e Mário, aliados importantes do governo estadual, pode até envaidecer Rui,
se é que o candidato do PT é dado a vaidades pessoais, mas já enche de
preocupação setores do partido e da articulação política de Jaques Wagner.
Os defensores de uma mulher para vice de Rui
juram de pé junto que ainda não têm um nome para ocupá-la, mas alegam também
que não vêem grande dificuldade para identificá-lo. O foco de sua estratégia
baseia-se, portanto, no reconhecimento de que, por causa do enfrentamento que
protagonizam, tanto Nilo quanto Mário teriam
perdido totalmente a condição de assumir o posto na campanha sem que a escolha
de um deles resulte em desavenças irreconciliáveis com conseqüências complexas
para o governo e, principalmente, para o candidato, algo em que nenhum petista
quer arriscar.
Tribuna da Bahia
Nenhum comentário:
Postar um comentário