No dia 10 de
dezembro, o Papa Francisco deu uma longa e surpreendente entrevista para o
jornal italiano La Stampa. O clima natalino e o final do seu
primeiro ano de pontificado eram uma ótima ocasião para fazer uma “revisão de
vida”, como todo jesuíta costuma fazer diariamente em sua oração da noite. O
nome do Papa é Francisco, mas sua mística é marcada fortemente pela militância
típica dos filhos de Santo Inácio de Loyola. Esta mistura equilibrada da
ternura franciscana com o vigor jesuíta transparece em cada linha de
entrevista. A síntese aparece quando ele diz: “tenha esperança e nunca tenha
medo da ternura!” Para o Papa, o homem de nossos dias corre o risco de perder a
esperança e a simplicidade dos gestos mais comuns, como abraçar e acariciar.
Seu remédio para nosso mundo, marcado pelo individualismo e a liberdade sem
limites, é a “cultura do encontro”. Isto não é mera teoria antropológica. O
Papa ensina esta cultura mais pelos seus gestos do que com suas palavras. Ele
vive este Natal 365 dias por ano e 24 horas por dia. Na Jornada Mundial da
Juventude, no Rio de Janeiro, sua disposição para ir ao encontro das pessoas
chamou a atenção do mundo inteiro e conquistou o coração do nosso povo.
Natal é isso. É a festa do encontro. Como lembra
Francisco na entrevista: “É o encontro com Jesus. É o encontro de Deus com seu
povo”. Viver esta dimensão mística do encontro nos consola e faz com que a vida
não seja apenas um “vale de lágrimas”. Temos razão para sorrir e fazer festa. O
Evangelho é uma boa notícia que nos traz alegria. Quem faz esta experiência não
se sente sozinho. Sabe que Deus está do seu lado.
O Natal como festa da ternura e da alegria é vivido
até por pessoas que nunca ouviram falar de Jesus Cristo e por muitos que
ouviram e até são cristãos, mas vive um Natal pagão. Segundo Francisco, esta
alegria mundana é muito diferente da alegria que o verdadeiro Natal nos
traz.
Francisco se diz impressionado pelas estatísticas
que falam de 10 mil crianças mortas de fome por dia no mundo. É uma grande
tragédia que não podemos tolerar. O Papa faz um pedido de Natal: “Gostaria de
repetir à humanidade: deem de comer a quem tem fome! Que a esperança e a
ternura do Natal do Senhor nos sacudam da indiferença.”
... É Natal.
Padre João Carlos
Almeida, mais conhecido como padre Joãozinho
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