Suas associações privilegiam quem participa de atos e manifestações de
sem-teto ao distribuir moradias, em vez de priorizar a renda na escolha. Entre
gestores dos recursos, há funcionários da gestão de Fernando Haddad (PT),
candidatos a cargos públicos pela sigla e até uma militante morta há dois anos.
A partir de repasses diretos, as associações selecionadas pelo governo
federal escolhem quem vai sair da fila da habitação em São Paulo. Os critérios
não seguem apenas padrões de renda, mas de participação política. Quem marca
presença em eventos públicos, como protestos e até ocupações, soma pontos e tem
mais chance de receber a casa própria.
Para receber o imóvel, os associados ainda precisam seguir regras
adicionais às estabelecidas pelo programa federal, que prevê renda familiar
máxima de R$ 1,6 mil, e prioridade a moradores de áreas de risco ou com
deficiência física. A primeira exigência das entidades é o pagamento de
mensalidade, além de taxa de adesão, que funciona como uma matrícula. Para
entrar nos grupos, o passe vale até R$ 50.
Quem paga em dia e freqüenta reuniões, assembléias e os eventos
agendados pelas entidades somam pontos e sai na frente. Os empreendimentos são
projetados e construídos pelas associações, que hoje reúnem uma multidão de
associados. São mais de 50 mil pessoas engajadas na luta pelo direito à
moradia. Além das entidades dos petistas, há ainda outra dirigida por um
filiado ao PCdoB.
O Ministério das Cidades afirmou desconhecer que a presença em atos
públicos, como protestos e ocupações, renda pontos às pessoas que lutam por uma
moradia na capital. A pasta informou apenas que as entidades podem criar regras
adicionais às estabelecidas pelo Minha Casa Minha Vida, sem a necessidade de
aprová-las no governo. Da mesma forma, o ministério disse que não pode
interferir em regras internas dos movimentos de moradia e, por isso, não tem
como impedir a cobrança de taxas e mensalidades.
Fonte: jornal O Estado de S.
Paulo.
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