O resultado
do leilão do pré-sal, realizado na última segunda-feira, 21, volta a ser
destaque na imprensa européia. Em artigo publicado na edição desta sexta-feira,
25, do Financial Time, o chefe da sucursal brasileira do jornal britânico, Joe
Leahy, questiona o comportamento do governo brasileiro, que comemorou o
resultado de um leilão que teve apenas um concorrente. "Algo está errado
com a formulação das políticas no Brasil", diz o texto, que classifica o
resultado da oferta como "medíocre".
Com o título "Por que políticos brasileiros enalteceram o leilão
com um lance", a análise de Leahy diz que o "entusiasmo do governo
com o leilão que não foi um leilão pode ter sido, em parte, para esconder sua
decepção". "Mas a explicação mais preocupante é que o governo está
realmente satisfeito com o leilão que não conseguiu atrair concorrência. O
governo pode estar aliviado com o resultado medíocre", diz o texto.
A explicação de Leahy está na cláusula da operação que exige um mínimo
de "óleo lucro" para o governo. "Como isso (a falta de
concorrência) aconteceu, o consórcio vencedor ofereceu o mínimo de 41,6%. Mas,
se houvesse muita concorrência, o número poderia ter sido maior. Isso pode ter
prejudicado a Petrobras, cujas finanças estão tão 'tensas' que não poderiam oferecer
algo mais generoso para o governo", diz o texto.
O artigo compara esse conflito visto no leilão de Libra - desejo do
governo de concorrência versus falta de fôlego financeiro da Petrobras - com
outros fenômenos conflitantes da economia brasileira.
"De fato, tais resultados são cada vez mais comuns com o governo
fazendo malabarismos com tantos objetivos conflitantes. Ele está tentando
reduzir a inflação enquanto enfraquece a taxa de câmbio. Está aumentando o
gasto público enquanto aumenta as taxas de juros. E, na indústria do petróleo,
tenta aumentar a participação do Estado ao mesmo tempo em que tenta atrair o
setor privado. Até o governo já não parece tão certo sobre o que realmente está
tentando conseguir", diz o texto.
Fonte: Poder & Política
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