A posição de ACM Neto (DEM) faz dele hoje provavelmente a voz
mais importante da oposição às forças lideradas pelo PT na Bahia. Por esta
razão, sua postura sobre as eleições estaduais de 2014, sem prazo para ser
anunciada, é tão aguardada quanto a dos petistas com relação à do governador
Jaques Wagner no PT. Com a Prefeitura na mão e expectativas boas com relação à
imagem com que sua gestão deve ser avaliada no ano que vem, lastreada num
programa de intervenções que começa a iniciar, o prefeito pode até evitar, mas
terá plena autoridade para falar de 2014.
A idéia de que pode entrar na campanha, negada por ele
independentemente de quem venha a ser seu candidato, realça ainda mais o poder
que o prefeito pode ter no ano que vem sobre o conjunto das forças oposicionistas.
Parte da força que adquiriu sobre o grupo também adveio da operação que
costurou diretamente por ocasião do fim do prazo das filiações partidárias no
princípio do mês, quando, por seus próprios cálculos, arregimentou sete
partidos para enfrentar a disputa sobre a qual prefere falar, a de 2016, quando
concorrerá à reeleição.
Enquanto isso, as forças que orbitam em torno do prefeito, com
ou sem delegação dele, traçam alguns cenários sobre quem deve ser o cabeça da
chapa com que o grupo disputará a sucessão do governador Jaques Wagner. E
apontam pelo menos para três direções: na primeira e mais forte delas, o nome
que emerge é o do ex-governador Paulo Souto, do DEM, mesmo partido de ACM Neto.
Souto diz que não quer ser candidato, aparentemente não conta com o apoio da
família para entrar na disputa, mas não para de formular idéias sobre o Estado
acompanhado de um de seus passatempos prediletos – os estudos sobre a Bahia.
Na visão dos aliados mais próximos de ACM Neto, o segundo
cenário aponta para a emergência da candidatura do presidente do PMDB no
Estado, Geddel Vieira Lima, que concorreu e perdeu na sucessão passada e avisa
para os amigos e inimigos que vem com tudo para a disputa de outubro de 2014.
Além do pré-candidato do PSDB, João Gualberto, sobre o qual se falará em
próximo artigo, Geddel é o único, no campo oposicionista, que declara aos
quatro cantos seu desejo de concorrer ao governo, defendendo a escolha da
candidatura para já.
O terceiro nome com que o grupo de ACM Neto trabalha é o do prefeito
de Feira de Santana, José Ronaldo, também do DEM. Pelo fato de estar cumprindo
seu terceiro mandato no segundo maior colégio eleitoral da Bahia, Ronaldo, em
tese, teria menos apego ao mandato agora, a ponto de apostar na aventura da
candidatura ao governo, apoiado na estrutura de duas máquinas administrativas
importantes, a dele próprio, supostamente com capacidade de irradiar seu nome
para parte significativa do interior do Estado, e a da Prefeitura da capital,
com cuja simpatia contaria abertamente.
Há quem veja no prefeito de Feira outra vantagem competitiva,
digamos assim. Seu vice, que assumiria a Prefeitura com sua renúncia, podendo
concorrer em 2016 à reeleição, é do PMDB e tem ligações com Geddel Vieira Lima.
Isto quer dizer que, colocando a vice na negociação, o prefeito de Feira já
chegaria para discutir sua ascenção à cabeça da chapa oposicionista numa
condição relativamente diferenciada. Enfim, enquanto as águas continuam rolando
sob a ponte, são estas as opções com que o grupo liderado pelo prefeito ACM
Neto verdadeiramente trabalha para 2014.
Fonte: Tribuna
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