Os ataques dirigidos pelo deputado estadual Alan Sanches (PSD), na
sessão de ontem, à presença na administração estadual de virtuais candidatos à
Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados sintetizou uma revolta
existente hoje no Legislativo baiano com relação à situação. Aliás, nada impede
que Alan tenha feito as queixas em plenário a pedidos de um grande número de
colegas que se consideram ameaçados pela condição superior de secretários estaduais
que, investidos no papel de membros destacados do governo, já começaram a
cuidar de suas pré-campanhas para o ano que vem. Na avaliação dos deputados
estaduais, para ficar em condições de igualdade com eles, os
secretários-candidatos teriam que abrir mão de seus cargos imediatamente. Como
o governador Jaques Wagner (PT) não quer antecipar o problema da substituição
de colaboradores agora, estabeleceu como prazo de desincompatibilização em seu
governo o mês de dezembro próximo na tentativa de aplacar a indignação.
Trata-se de uma antecipação e tanta, uma vez que, pela legislação eleitoral,
exatamente para evitar abusos, os agentes públicos devem deixar seus cargos
apenas em maio do próximo ano. O anúncio, entretanto, parece não ter surtido
efeito. ”Não dá. É muito tempo. Queremos que os secretários-candidatos
deixem o cargo logo. E o discurso de Alan ontem não foi fato isolado. Outros
virão e, num momento em que o governo precisa da Assembléia”, diz, em tom
ameaçador, um deputado governista igualmente irritado com o quadro de
favorecimento de que os secretários que são candidatos desfrutam na
administração. “Eles (os secretários-candidatos) estão em franca campanha.
Viajam pelo interior, visitando nossas bases e seduzindo nossos prefeitos
porque têm a máquina na mão”, diz outro parlamentar.
Segundo ele, como não é possível impedir o comportamento “usurpador” dos
secretários-candidatos, a alternativa é levar o governador a afastar a todos
que são candidatos da máquina administrativa imediatamente. “Não pense que este
prazo estabelecido por Wagner de dezembro vai resolver o problema. Ou ele
afasta logo a todos que estão nesta batida, trabalhando às claras pela eleição
deles e desestabilizando a base dos deputados do governo, ou terá muitos
problemas na Assembléia ainda”, completa o mesmo deputado, referindo-se à crise
financeira que ameaça o governo.
Fonte Bahia Noticias
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