O Ministério do Trabalho
estima que os setores da economia ligados à indústria automotiva fecharam 38,7
mil postos de trabalho no primeiro semestre do ano, o que corresponde a 11% do total
de vagas encerradas no mercado formal no período. O levantamento inclui desde
empregos ligados diretamente à fabricação e venda de automóveis e autopeças a
vagas de trabalho em postos de combustível, mas não considera o desempenho na
metalurgia e siderurgia, o que indica que o impacto pode ser ainda maior. Dos
15 segmentos listados pelo ministério, apenas 3 —fabricantes de baterias,
postos e, sintomaticamente, oficinas mecânicas— abriram vagas no primeiro
semestre.
O setor de comércio de
veículos foi o que mais eliminou empregos. Foram 12,2 mil postos encerrados, no
atacado e no varejo, quase um terço do total. Mas os fabricantes de autopeças e
acessórios superam esse número quando consideradas as vagas eliminadas em todos
os subsetores discriminados, acima de 13 mil. Os Estados mais atingidos pelo
encolhimento do emprego, em números absolutos, são São Paulo e Minas Gerais,
que concentram grandes parques automotivos e os maiores estoques de postos. Pernambuco,
onde está sendo instalado um um novo polo automotivo, foi um dos poucos Estados
que criaram vagas no setor. "A indústria automotiva está puxando a
economia brasileira para baixo", disse o presidente da Anfavea (associação
das montadoras), Luiz Moan, ao destacar a longa cadeia envolvida na produção de
veículos.
O executivo participou de
audiência pública promovida na Câmara dos Deputados esta semana para discutir a
questão do emprego no setor. Moan afirmou aos deputados que as fabricantes de
veículos têm dado sua contribuição para tentar evitar um cenário ainda pior
para o emprego no setor em meio à crise, ao promover férias coletivas e
"lay-off" (suspensão de contrato de trabalho) de funcionários e trabalhar
com estoques elevados. Também reafirmou que algumas montadoras estão se
articulando para aderir ao PPE (Plano de Preservação do Emprego), que prevê
redução de carga horária e de salários. De janeiro a julho, a produção do setor
automotivo acumulou queda de 18,1% em relação ao mesmo período de 2014, o pior
resultado desde 2006. O emplacamento de veículos caiu 19% na mesma comparação.
Na contramão do que ocorre
no mercado de veículos novos, a venda de veículos usados tem ganho força em
meio à crise.
A Fenauto, que representa 40
mil revendedoras de veículos usados e seminovos, estima um crescimento de 4,8%
das vendas no primeiro semestre. "Não existe motivo no setor para ter
desemprego, na medida em que crescemos. Pouco, mas crescemos", afirma
Idílio dos Santos, presidente da entidade.
ASCOM Força Sindical