Alíquota de veículo popular
deveria passar, hoje, de 3% para 7%; desconto para móveis também foi
prorrogado. Objetivo é animar a economia, diz governo; perda na arrecadação
será de R$ 962 milhões entre julho e dezembro. O governo decidiu prorrogar até
o fim deste ano descontos de imposto ao setor industrial, na tentativa de
impulsionar a atividade econômica e debelar o pessimismo entre os empresários.
O IPI para veículos, que
deveria voltar nesta terça para sua alíquota cheia (entre 4% e 13%, dependo do
modelo), continuará entre 3% e 10%. No caso dos móveis, fica entre 4% e 12%, em
vez de voltar a valer de 5% a 15%. Com a prorrogação do benefício aos dois
setores, o governo deixará de arrecadar R$ 962 milhões entre julho e dezembro
deste ano. O objetivo é reverter o resultado das vendas no primeiro semestre,
"fraco", nas palavras do ministro. "Temos que tomar medidas para
viabilizar um segundo semestre melhor", disse Mantega.
As medidas chegam em um
momento em que a indústria e a atividade dão sinais negativos. A produção nas
fábricas recuou 1,2% entre janeiro e maio, e a confiança do empresário caiu, em
junho, pelo sexto mês seguido. Segundo o Ministério do Trabalho, o setor cortou
28 mil vagas formais em todo o país em maio. E existe o risco de os cortes
prosseguirem. Isso porque a demanda por produtos industriais parece ter
enfraquecido ainda mais em junho, com os feriados e os jogos da Copa do Mundo. "Embora
a Copa seja um grande sucesso para o país, para as vendas e para a indústria
traz alguns problemas", afirmou Mantega.
A anemia do setor industrial
contribuiu para o ritmo modesto da atividade no primeiro semestre. A projeção
central dos analistas ouvidos pelo Banco Central é que o PIB crescerá 1,1%
neste ano --há um mês, a expectativa era de 1,5%. Com as vendas 4,8% menores
(de janeiro a maio deste ano, ante o mesmo período do ano passado), a indústria
automotiva colocou seus trabalhadores em férias coletivas e licença remunerada.
Para manter o desconto no IPI, o governo quer em troca a manutenção do emprego.
Segundo Luiz Moan, presidente da Anfavea (associação das montadoras), entretanto,
o setor não está demitindo."Desde maio de 2012 [quando foi anunciado o
primeiro desconto do IPI], o setor está mantendo o nível de emprego",
disse ele.